SAPO SOCIAL
- Marcelo Marques Junior
- 22 de out. de 2021
- 1 min de leitura
Quando dei por mim, estava aqui: diante duma tela multi-pixelada,
emoldurada com paredes; sem janelas,
Em meio a um redemoinho de prazos e cobranças.
Aqui, nessa tela, existe uma esperança.
Uma esperança de sapo repousando numa panela de água,
que esquenta pouco a pouco rumo ao seu cozimento.
Quando dei por mim, estava aqui: com água nos joelhos
Morna como urina, mas, aqui, existe uma esperança.
Ah! esperança, esperança: se não fosse seu radical
Estaria eu a pular dessa panela, dessa sala, rumo ao mundo, aos brejos!
Mas, há esperança, há espera!
Ah! Desespero etimológico!
Como é duro acordar e perceber as canelas cansadas;
Diante de mim, paredes brancas, manchadas como louça velha,
afinal, é nelas que fazem comida boa: o problema é que a comida sou eu!
Tolo nutrido pela expectativa, guiado pelo “status”, pela “esperança”!
Tolo!
Aquieto-me até a cintura e, espero,
a água, que ferve, espirra no umbigo
Os pés já não são meus; as paredes queimam.
Acima de mim, luzes de um vão que me dá esperança de ser içado.
Como é bela a fé daqueles que não a buscam,
Espera-se a mão divina que lhes puxará da fervura dos dias,
Fixo o olhar na luz que brilha sobre mim: Deus, é você?
Essa luz já não queima tanto quanto a água que sobe ao peito.
De onde vem essa água quente?
Espero, uma hora há de fazer sentido.
Minha doce esperança, acompanha-me em meus últimos suspiros:
Afinal, ela é a última que morre.
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